Mais um 12 de junho chega, e com ele derramam-se em
lojas e redes sociais sentimentos profundos de amor sem reservas aos quatro cantos.
Não julgo, pois, que isso seja ridículo, afinal não o somos mesmo? amando ou
não? No entanto, a impressão que me fica é a de um dia onde, mais do que nunca,
somos levados a questionar as formas como as pessoas se comportam para dizerem que
verdadeiramente amam alguém.
Mas falar de amores e sentimentalismos passionais
não é uma tarefa fácil. É preciso bastante “filosofia”, e mesmo assim, não
entendê-los por completo. É justamente dentro destes moldes, de uma pseudo-compreensão
amorosa, que se delineia o enredo de um triângulo amoroso moderno em Les amours imaginaires (Amores imaginários – 2010) do diretor canadense
Xavier Dolan.
Com personagens de
perfis bem estruturados, salvo as interpretações dinamicamente atraentes de Xavier
Dolan (Francis), Monia Chokri (Mari) e Niels Schneider (Nicolas), o longa-metragem
chama atenção pelo modo como os personagens lidam com seus sentimentos num universo
contemporâneo aberto aos vários modos de exploração dos pontos fronteiriços do
amor.
Amores imaginários até poderia ser um filme definível, o que de certa forma o faria perder
todas as suas formas e possibilidades de configuração particular enquanto gênero
artístico, porém o que emerge até o último segundo na tela é o tratamento dado à
questão identitária que em nada deixou a desejar. Ora, temas atemporais sempre
nos envolveram em livros, filmes e afins, entretanto nesse longa francês é o viés
deste universalismo amoroso que se põe pelo avesso na bela Montreal.